quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"Mãe... ô mãe, me responde uma pergunta?"

Vejo aquele espigão de 1,70 na minha frente, vestida como uma roupa que minha Bisa desconjuraria 3 vezes. No mínimo, levaria a Bia para benzer e tirar "o coisa ruim" do corpo. "Esta menina precisa fechar o umbigo. O coisa ruim entra por ali.."

Bom Bisa, eu acho que ele não entra mais. "Fala filha, o que vc quer?" Enquanto falo, vejo aquela pedra brilhante "fechando" o umbigo como um piercing...

"Mãe, onde é minha cintura?"

Não acreditei na pergunta. No tempo da Bisa ainda existia o espartilho. Como não saber onde ficava a sua cintura? Oras, era a lugar mais apertado do espartilho! Minha Bisa contava que ela ficava sem comer nas festas de tão apertado que era!

Na época da minha avó o espartilho tinha sido aposentado, mas não a cintura de pilão. Vestidos rodados da década de 30 e 40 faziam com que as mulheres apertassem mais ainda a cinta por baixo da roupa e o cinto por cima dela.

Minha mãe não escapou, apesar da frouxidão dos vestidinhos tubos da década de 60. Mas em dias de festas e bailes nos anos 50, a cintura estava ali, marcadíssima a espera da mão do cadete eleito para ser seu par.

Mesmo com toda revolução cultural dos anos 70 e 80 minha mãe pregava o uso do cinto. Usei pouco a cintura baixa na década de 70 porque era uma criança (tinha uns 10 anos, a idade que minha filha se maquiou pela primeira vez, mas para minha mãe eu era uma criançona!)

Nos anos 80, as cinturas eram altíssimas! Até de uma maneira exagerada. Os homens também usavam. De extremo mau gosto para eles, diga-se de passagem...

Mas agora vejo minha filha , do alto dos seus 18 anos, com uma dúvida existencial. As calças foram baixando, baixando, baixando que hoje uma moça quase precisa estar com a depilação em dia para poder usar alguns modelos.

Minha filha é magricela, mal de família. Mas vejo as amigas delas mais rechonchudas perdendo verdadeiros pneus por cima daqueles cózes ínfimos. Conversando com um amigo cirurgião, ele me confidenciou que este modelo de calça está deformando o corpo feminino. Não duvido. Talvez tenha um efeito parecido das tangas que usamos nos anos 70 quer eram muito baixas, marcando o osso do quadril.

O interessante é notar que mesmo sem campanha para o uso de espartilhos, a indústria da beleza força as garotas a quererem uma cintura fina. Mas como ter uma cintura fina se nem sabem onde está?